sexta-feira, 29 de maio de 2009

Turbulência na economia e ameaça de recessão Crise no setor imobiliário provoca prejuízos gigantescos, atinge outros países e ganha dimensão global

A economia norte-americana é, de longe, a mais poderosa do mundo. Seu Produto Interno Bruto (PIB), de 13,2 trilhões de dólares, representa 27% do PIB de todo o planeta, pelos números de 2006. Mas essa potência pode também causar intranqüilidade nos demais países, por causa do alto grau de endividamento que carrega.
Em 2007, uma forte crise atingiu a economia ianque, com o estouro da bolha imobiliária, relativa a hipotecas de alto risco, chamadas de subprime. Trata-se do seguinte: a partir de 2002, quando as taxas de juro estavam muito baixas (por volta de 1% ao ano), passaram a ser concedidos muitos empréstimos para compra de casas a pessoas que não tinham boa avaliação de crédito. Os compradores podiam pagar suas prestações durante certo tempo graças à pequena taxa de juro.
Bancos e empresas de crédito imobiliário começaram a lucrar muito, ao negociar títulos no mercado financeiro que tinham como garantia os empréstimos subprime. Os valores dos imóveis subiram, e as aplicações tornaram-se um ótimo negócio para os investidores. Essas operações ajudaram a impulsionar a economia norte-americana nos últimos seis anos.
A base, porém, era muito frágil. Bastou o rumo da economia mudar e as taxas básicas de juro ficarem mais altas para que os problemas surgissem. Para evitar a aceleração da inflação, o Federal Reserve (Fed) vinha elevando os juros desde 2004. Em agosto de 2007, a taxa básica de juros nos EUA já havia atingido o nível de 5,25% ao ano.
Como as hipotecas, em geral, acompanharam a subida dos juros, as prestações dos imóveis aumentaram de valor. Muitos compradores, então, deixaram de pagar suas parcelas. Quando as hipotecas começaram a ser executadas e os imóveis colocados à venda, aumentou a oferta, e o valor dos imóveis caiu. Os títulos com base nos empréstimos perderam valor rapidamente.
Houve uma reação em cadeia: muitos dos compradores ficaram sem o imóvel; os bancos e as financeiras, que deixaram de receber os pagamentos, ficaram incapacitados de conceder outros empréstimos; a construção de casas sofreu uma queda brutal. Toda a economia estadunidense sentiu os efeitos desse recuo econômico e, num círculo mais amplo, o próprio mercado mundial.
Para evitar uma ameaça de quebra de bolsas de valores, o Fed e os bancos centrais de outros países desenvolvidos injetaram, em agosto de 2007, 400 bilhões de dólares nas instituições financeiras. Em dezembro, Bush apresentou um pacote de medidas para enfrentar a crise, que prevê o congelamento por cinco anos das taxas de juro de financiamentos imobiliários de alto risco.
A grande discussão econômica nos EUA é saber se o país entrou ou vai entrar numa recessão. Tendo como base os indicadores recentes de emprego e de vendas no varejo, entre outros, a maioria dos bancos e dos economistas acredita que a recessão virá. Fonte: Almanaque Abril 2008

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